Baseada na pintura A Nona Onda, de Ivan Aivazovsky (1817-1900). A obra original é mais escura e há mais náufragos agarrados ao mastro. Esse artista pintou muitos naufrágios.
A minha eu chamo de O Náufrago, há apenas um sobrevivente, imagino que seja desesperador estar sozinho em meio ao caos, agarrando-se em fragmentos de um mundo que já foi mais seguro. Porém, a minha é mais clara, um nascer do sol talvez, ao invés de um poente. A tempestade está passando e a luz do Sol é como um farol anunciando que o pior já passou e a costa está próxima.
Pintar a luz sobre a água em movimento é uma obsessão minha. É difícil e nunca fica como nas referências estudadas. A água tem essa propriedade de refletir a luz ao mesmo tempo em que se deixa ser atravessada por ela. Há sombras em seu interior, onde o volume de água é maior. E tudo isso em movimento, chocando-se e formando a espuma branca, que a luz não atravessa por ser espessa, ainda que frágil. Ela se fragmenta em partículas minúsculas demais para meus olhos reproduzirem.
Mas eu vou melhorando.
Óleo sobre tela, 80 x 50 cm.