Reprodução em aquarela da obra USS Constitution, do artista Richard C. Moore. Eu não deveria ter assinado pois é uma cópia, um exercício feito no começo de 2016, quando eu ainda achava que aquele ano não seria tão difícil. Estava pondo em prática o conteúdo aprendido numa oficina de aquarela do Deverson Pepi, na Escola Casa. (Baita curso!)
Tenho um pequena obsessão pelo oceano. Nunca estive em alto mar, mas gosto de filmes como O Coração do Mar, 1492 – A descoberta do Paraíso e séries como Black Sails. Curto mistérios como o do Triângulo das Bermudas e o desconhecido das Fossas Marianas. Adoro contos de marujos, perigos e lendas do mar, como em Lovecraft, ou histórias de sereias, “Contos do Cargueiro Negro” em Watchmen. Virei fã do filme O Farol, antes de assistí-lo!
Até minhas músicas favoritas falam do mar. Ataraxia da banda Team Sleep, “e vemos as ondas / você canta para mim / enquanto nós nos afundamos / este sonho que tive com você / sozinho no mar…” Pearl Jam tem várias e tem muitas outras, do QoTSA, do Led Zeppelin, do Aurelio Voltaire, Melissa Auf der Maur…

Não sei de onde vem esse fascínio. Talvez por sermos 60% feitos de água. Talvez por estarmos inseridos no líquido amniótico durante a gestação. Não sei. Mas o mar é um símbolo forte, origem de muitas metáforas e narrativas. Sob influência da Lua, ventos etc ele representa também ciclos da vida, mudança e passagens, períodos de agitação e calmaria, mostrando que tudo pode ser transitório. Símbolo da morte também. Uma vez vi salva-vidas de helicóptero tirando um corpo do mar, num dia 31 de Dezembro. Tentaram reanimá-lo na areia, mas sem sucesso.
Quando percebi o inferno que 2016 estava se tornando, eu comecei a afundar. Conheci o desespero, a psicóloga me garantiu que não era depressão. Eu queria sair de lá. Emergir. E como um náufrago, me agarrei no que havia e em quem estivesse ao meu redor, que me mantivessem na superfície, mesmo que à deriva.
Comparo 2020 com 2016, mas com a diferença de que agora não há nada, nem ninguém, por perto ou estão todos afundando juntos. Só restando rezar para que a correnteza mude logo e nos leve para alguma praia

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