Memento Mori Absinto…

Ou Memento Mori A Ilusão do Tempo, Acrílica sobre tela, 80 x100 cm. 2021.

DISPONÍVEL

Sempre pensei que um bom design não precisa de explicação e acho que isso vale para uma boa arte também, até porque há a questão da subjetividade do observador e da liberdade de interpretações. Então, vamos à explicação 😀

Schopenhauer, explicando a relação entre Tempo e Espaço, diz que tudo que existe, que é matéria, está preso às condições impostas por essas duas forças. Toda transformação é um deslocamento no tempo que afeta a matéria e o espaço que ela ocupa. As ciências, então, são o resultado da observação dessas mudanças. Estudos da relação de causa e efeito. Porém, tudo isso diz respeito aos Objetos. A outra parte do universo, que não é Objeto, é o Sujeito. O corpo do Sujeito é um objeto, dotado de consciência, que interage no mundo. Aquele que observa e que gera o conhecimento. 

A moeda, no esoterismo, é símbolo da terra, do naipe de ouros, da materialidade. Coloco ela em primeiro plano, respondendo “quem veio primeiro: a galinha ou o ovo?”. A luneta, uso como símbolo da observação, da percepção do corpo, do Sujeito que vê o mundo. A consciência vem em segundo lugar, eu acho, pois de que adianta ter consciência se não há objetos para ela percebê-la. Então o mundo vem primeiro.

Os livros são o conhecimento, o registro do que é observado no mundo, mas estão fechados. O tempo é representado na ampulheta e no relógio de bolso. A ampulheta é o tempo absoluto, imposto. O relógio é a ilusão de que temos o controle sobre o tempo. Nossa gestão do tempo nada mais é do que gestão de prioridades. 

A caveira é o “memento mori”, o “lembre-se da morte”. O inevitável fim de toda matéria, que se impõe a todo conhecimento. Ao fundo, as velas no castiçal e a garrafa e taça de absinto. A luz das velas, seria o símbolo da razão, a luz do conhecimento, enquanto que a bebida das “fadas verdes” representa a loucura. Mas as velas estão apagadas. A única fonte de luz vem de fora da cena.

Fiz pensando na Pandemia, nos “achismos” que tantos pregam menosprezando fatos e abraçando bolhas ilusórias.

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