Não sou uma pessoa religiosa. Abandonei o Cristianismo lentamente depois da primeira comunhão. Havia começado a achar estranho seguir algo que outros escolheram por mim, da mesma forma eu pensava em como eu poderia escolher algo para mim sem conhecer as demais opções. Eis o problema das escolhas. Quanto mais conhecimento você adquire sobre as opções, mais difícil fica escolher. Então passei a acreditar que não deveria ser uma escolha racional. Talvez fé não tenha a ver com razão. E na espera, pois acreditar é uma espera por um algo que virá, eu percebi que “eu não quero acreditar, eu quero saber”. A ausência de fé em qualquer coisa não me impede de admirar a história, pois a arte da narrativa, somada às representações dos grandes mestres, me transporta um pouco mais para o fundo desse oceano, ainda que com os pés no chão. Tem uma música foda que me acompanha quando estou pintando, Eye of the Storm do Lovett, ela também me leva para o meio do oceano.

Eye Of The Storm
– Lovett

“Eu sei que estou errado
sobre tudo o que eu disse,
mas aqui vai novamente:
Você queria mais
do que pensou
que eu jamais iria dar,
mas você estava muito enganada.

Eu te disse mentiras.
E disse o que era para você ouvir,
assim como você desejava… minha querida,
para atingir o olho da tempestade.

Então começamos a flutuar
e derivar para longe na maré,
para cada onda
nos engolir vivos.

Nenhum sinal da costa.
O momento em que as velas foram arrancadas
chegamos ao final:
Olho da tempestade

Por tudo o que custou,
no final não houve preço a pagar.
Por tudo o que foi perdido,
a tempestade levou embora.”

Acho que não existe uma fotografia oficial da obra original e mesmo se houvesse, meus monitores não são calibrados. Escolhi duas imagens para imprimir em gráfica digital (onde as cores também variam), uma delas era uma reprodução, com cores mais vivas e sombras ainda mais pesadas, a outra era menos saturada, com muitas manchas, que penso virem da ação do tempo. Tento fazer um meio termo. A falta de definição também atrapalha, então detalhes como sombras nos rostos eu estou tirando da minha própria imaginação. Não ficará uma cópia exata, para eu afirmar que fui eu quem roubou a obra original! Hehehe! Como eu invejo o talento dos falsificadores! Hahaha!

Rembrandt pintou, Errado fez uma cópia não muito fiel… OK, OK, a minha tá bem mais simples… Tem a ver com o tempo. Nada fica bom feito às pressas. Dedicação exige tempo e paciência. Começa com a contemplação, que precisa ser demorada, sem distrações e com uma visão de futuro, do projeto pronto. Um ensaio na imaginação do que se deseja. Eu pulei meus próprios passos.